domingo, 19 de fevereiro de 2012

Nordestinos, Histórias Cruzadas e Jeremy Lin

Nordestino não faz nada?
Negras nasceram pra ser mandadas?
Japas não jogam basquete?

Isso é preconceito! No entanto, será esse o problema?

Outro dia, um amigo postou no Facebook sua indignação com as críticas aos nordestinos. Ele se declarou muito orgulhoso de ser um nordestino, filho de um pai trabalhador, com mais 14 irmãos, criados com muita luta e sem esmolar ou roubar.
Achei tão legal o "post" dele, dei parabéns pela família mas, ao mesmo tempo, não poderia dar um "curtir" porque eu percebia ali uma certa incongruência, ele parecia tão certo, mas tão diferente ou "errado" em relação ao que eu aprendi desde pequeno.

Fui, na mesma semana, assistir ao belo filme Histórias Cruzadas. (Trailer ao lado)
Conta de maneira brilhante e irreverente, sem "forçar a barra" na violência, a história de várias domésticas do Mississipi, enfrentando o verdadeiro racismo americano e mostra o "legado" deixado por elas. Muita gente pode não lembrar, mas essas domésticas fizeram parte da educação de muitas pessoas da minha geração e de gerações anteriores. Muito mais a dizer, mas... vejam o filme!

Chegando em casa, li um artigo de um blogueiro que reside nos EUA. Ele postou, muito impressionado, um resumo da história de Jeremy Lin, uma coisa realmente impressionante. Não pela pontuação ou pelo sucesso explosivo, quase instantâneo, mas pelo enorme e monstruoso preconceito que existia (e acabou) nos EUA contra os jogadores asiáticos na NBA. O atleta Jeremy Lin foi silenciosamente persistente: como não recebeu bolsa de estudos para atletas, estudou mais (como a maioria dos japas...) e foi para Harvard.
O cara está formado, mas gosta mesmo é de basquete, só faltava o povo americano acreditar nisso. Então "ele" ganhou do Lakers, fez mais pontos do que o Kobe Bryant, provocou a volta da parceria da Time Warner para exibir os jogos do NY Knicks na NBA e, de quebra, aumentou em 30% a audiência de jogos da NBA na TV Chinesa. Uma bela performance para um Economista formado em Harvard, não?

Meus ancestrais, por parte de mãe ou pai, isso inclui Italianos, Alemães, Portugueses e Espanhóis, nunca se permitiram ter 15 filhos, porque eles aprenderam que a prole não pode ser maior do que a horta.
Aqui no sul, sempre se ouvia e lia que o Pró-seca, a Sudam, a Sudene, levavam vários milhões para "ajudar" o nordeste. A impressão era de que o nordeste não trabalhava e o sul sustentava tudo. Pode ser até verdade, mas quem recebe essa grana? O povo não é, porque o nordeste continua igual.

Por que os Negros são bons para a NBA e os Asiáticos não? Os asiáticos se destacam nas universidades, na artes marciais, mas nunca tinham jogado na NBA. Isso pode mudar, graças ao Marketing, à renda com direitos de TV para os fãs Chineses e, sobretudo, graças à persistência do Jeremy Lin.

Juntando tudo, os Nordestinos, as "Histórias Cruzadas" e o Jeremy Lin, ficou fácil perceber:
Existem atitudes erradas em muitos povos e são essas atitudes que provocam os verdadeiros "estragos".
Aproveitamos de todas as histórias a importância da família, da persistência, dos valores morais.
Rejeitamos de todas as histórias a ignorância, as atitudes sem "porquês", os verdadeiros preconceitos.

Informação, respeito, profissionalismo, teriam resolvido os três problemas, respectivamente.

A quem interessava não informar corretamente o que "não se fez" no nordeste?
Por quê havia desrespeito com os negros no Mississipi?
Ninguém percebeu nas estatísticas que um jogador com altas pontuações, mais de 1,90m de altura e bom nível de inteligência estava disponível para jogo mas não era escalado por ele ser "amarelo"?

Combater o preconceito sem atacar as causas é tão inócuo quanto limpar a mesa para não virem mais formigas.

Buscar estas respostas é o caminho! 
Disseminar cultura e informação, incessantemente!