sábado, 3 de setembro de 2011

O Dicionário e a Crise Mundial

Algum de vocês já procurou o significado de palavras em um dicionário?
Sim, é para isso que o dicionário serve, muitos dirão!
Alguns de vocês, como eu, já procuraram palavrões no dicionário?
Sim, eu fiz isso, quando era pequeno. Coisa de "arteiro".

Quando estava na universidade, algum de vocês buscou informações na Hemeroteca?
Hahahaa, você não sabe o que é isso? (não procure agora, isso não vale!)
É meu amigo, você pode não ter usado um Episcópio, um Mimeógrafo, uma Régua de Cálculo, um Desenhocop, um Letraset ou um Transferidor, mas isso não é só porque você é mais novo do que eu, é porque tiraram isso de você, omitiram partes do passado de seu convívio.

Sem querer, ou de propósito - para quem acredita em teorias de conspiração - a evolução (é mesmo?) do mundo "bypassou", como se diz em Engenharia, ou "queimou etapas", como usam dizer os Pedagogos.

Você pode estar pensando, mas qual a importância de procurar palavrões num dicionário, ou aprender a usar um Episcópio? Ler revistas em uma Hemeroteca então, quanta inutilidade?

Ora, qualquer professora do jardim de infância sabe qual a importância de seus alunos manusearem jornais e revistas, mesmo sem saber ler ainda.
Qualquer professor primário ou de ensino fundamental (como se todo ensino não o fosse) sabe o quão importante é um aluno aprender a procurar palavras em um dicionário sozinho, sim, como um indivíduo autônomo.

Se eu perguntar alguma coisa, qualquer coisa, a 90% das pessoas que conheço, qualquer técnico de informática de meia-tigela ou uma simples usuária de chats e messengers vai me dar a mesma resposta:
aquela que encontrar no Google.

Eu trabalho com Informática há 29 anos e adoro as ferramentas do Google, mas sou obrigado a avisar, com muita ênfase, que vocês estão sendo enganados quando pensam que procuram coisas no Google.
Sim, enganados, vocês não procuram, só acham!
O Google não é um dicionário ou uma enciclopédia, é mais parecido com um Oráculo.
Não há qualquer sabedoria em procurar coisas nele e nem se adquire sabedoria ao encontrar, porque não há procura.

Muitas vezes vocês já devem ter lido que o importante numa viagem não é o destino, mas o caminho.
A mesma afirmação vale para as buscas.

A operação de ler diversas revistas técnicas, às vezes em outro idioma, não completamente dominado, é um conjunto de buscas a dicionários, outros artigos, livros, tentando formar um relato conclusivo. Essa operação, se repetida regularmente, transforma o indivíduo, que adquire a habilidade de buscar com mais sagacidade, objetividade e amplitude.

Pode-se inferir, por exclusão, que a operação de não buscar, não procurar, não encontrar desafios reais no seu dia-a-dia, não transforma o indivíduo, dotando-o de um "vazio" de utilidades que beira a alienação total.

A utilidade prática de um office-boy que não sabe ver mapas ou de uma telefonista que não sabe usar uma lista telefônica ou uma simples lista de DDDs é a mesma de um médico lembrar o nome de todos os ossos do corpo mas não saber usar um estetoscópio.
Assim também é um diplomado que não conhece a real diferença entre uma Faculdade e uma Universidade. Por isso acham um grande "barato" fazer Ensino à Distância.

A aceleração que o mundo vem experimentando, tanto na economia, quanto nas invenções e descobertas coincide com a aceleração da Crise Mundial. Coincide?

Aprender a buscar, seja uma simples palavra, seja a solução para um problema existencial é, antes de tudo, aprender a querer buscar, saber buscar, comemorar a realização da busca, aprimorar a si e seu grupo, sua equipe, seu universo.

Aí está a Crise, na falta de habilidade das pessoas de trabalhar em uníssono, com um objetivo maior e comum, universal. Não, não é uma igreja, é muito mais que isso!

Globalizar suas atitudes, não seus lucros. Entender que os lucros são consequência das atitudes e não são financeiros, que as rentabilidades devem ser sociais, que há prazer na busca, em olhar estrelas à noite, em almoçar em família, em jogar forca com os amigos.

Para terminar, vou tirar de vocês o prazer de comemorarem as suas buscas no Google, vou dar os links com os resultados... que triste isso, não?

Hemeroteca: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hemeroteca
Episcópio: http://www.novotec.com.br/projetores/grafoscope/
Mimeógrafo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mime%C3%B3grafo
Régua de Cálculo: http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9gua_de_c%C3%A1lculo
Desenhocop: (essa busca exige leitura...)
Letraset: http://www.letraset.com.br/letrasetcard.html
Transferidor: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transferidor


Clamor por Justiça

Eu sou completamente, terminantemente, definitivamente contra qualquer forma de preconceito.

É a minha opinião, não posso obrigar ninguém a não ser preconceituoso, assim como não posso obrigar ninguém a ser honesto, culto, não-fumante, trabalhador, fiel ou leal.

Da mesma forma, também não posso aceitar que os desonestos, os incultos, os fumantes, os vagabundos (aqueles que não querem trabalhar), os desleais ou infiéis (pessoas em que não se pode confiar), nos impinjam suas atitudes e valores como corretos.

As liberdades políticas, de expressão, de credo, ou de opinião, fazem parte de uma liberdade mais ampla, são todas direitos inalienáveis dos cidadãos, muito embora se saiba de vários países que não comungam desse sentimento. Como todo direito, não cabe preconceito ou regra que exclua alguém do "todo".

No Brasil, mesmo durante o chamado "período de exceção", havia uma "liberdade vigiada", segundo o governo, e uma "censura ferrenha", no ponto-de-vista dos censurados - mesmo assim, vivia-se com alguma liberdade de expressão.

Seguindo a linha dos direitos e deveres, os anos "pós-ditadura", ou anos da "abertura política", ofertaram toda a sorte de flexibilizações na legislação e nos instrumentos de controle dos conteúdos expostos ao público, principalmente na mídia. Ao mesmo tempo, nas escolas e até nos lares Brasileiros, viu-se uma liberalização da educação, como se estivesse o povo com o "freio de mão puxado" até então. Não houve, ao menos com a ênfase necessária, um debate sadio sobre a relação quase simbiótica entre direitos e deveres. Caberia uma reflexão profunda, àquela época, sobre os iminentes abalos da ordem social, caso houvesse uma liberalização, e não uma libertação, da expressão ou opinião, sem a contrapartida necessária de obrigações, compromissos e conscientização.

Foi perdido o momento, como se o trem da história tivesse descarrilado. Vive-se hoje um tempo desconectado do passado, desconhecendo o porquê das coisas, fazendo só por fazer. O Brasil vive um "descompasso" legal:  várias leis, suas interpretações e abrangência não acompanham outras leis complementares ou reguladoras.
Um exemplo claro disso é a regulação dos conteúdos de TV e publicidade:
  • Pode-se transmitir pela TV aberta qualquer conteúdo julgado apropriado para um determinado horário, mas os conceitos de quem julga vem se "atualizando". O que já foi certo um dia, hoje é duvidoso. O que era duvidoso, hoje é um "direito". Brinca-se em dizer que algumas coisas que já foram proibidas, em breve serão obrigatórias.
  • O Ministério da Saúde insiste em advertir que a bebida e o cigarro fazem mal à saúde, enquanto continua a autorizar a propaganda e a venda de tais produtos. O mais lógico seria proibir, como fazem com os explosivos ou os venenos. Na mesma linha, pede-se a liberação da produção, venda e consumo da maconha - não é lógico proibir, se não são conhecidos os motivos ou ignorados os verdadeiros para a proibição.
  • As emissoras de rádio não podem deixar de transmitir "A Voz do Brasil" no horário predeterminado, e ainda são obrigadas a transmitir um determinado número de Propagandas Políticas durante as Jornadas Esportivas. Os partidos políticos, entretanto, não são obrigados, nem sequer permitem que a imprensa informe os detalhes de suas tratativas ou de suas mazelas.
Recentemente, pelo acúmulo de escândalos no governo federal, a atual presidente da república está fazendo uma "limpa" que têm perturbado vários interesses (e interessados). Pelo possível, e até provável, mal estar que a exposição pública dessas "quadrilhas" possa provocar (a eles e não a nós), estão discutindo uma "regulamentação social" da mídia - não é censura, é outro nome. 

Ora, não é preconceito meu, é só uma observação: Censurável é a atitude desses cidadãos eleitos que, em vez de respeitar o voto que receberam, as esperanças neles depositadas por milhares de pessoas, se autoproclamam superpoderosos e usam a parte pública de nosso suor em seu benefício pessoal.

E a Justiça?
Não é prender, não é matar, não é queimar em praça pública ou algo assim!
Não é só isso ou tudo isso!
É uma necessidade de lembrar, a todos e a todo instante, que a Justiça é como uma balança, pressupõe "equilíbrio", seja de forças, seja de atitudes, seja de propostas.

Sim, nosso Brasil deveria "Clamar por Justiça"!