sábado, 10 de dezembro de 2011

Lista de final de ano

Puxa, já faz quase três meses que não escrevo... e o ano já está terminando.
Em Janeiro deste ano de 2011, troquei a assinatura de meus emails para "2011 + Intensidade em tudo o que faz. Sempre e mais". Foi um dos compromissos que assumi comigo mesmo e que, felizmente, consegui cumprir.
Ontem fui ao cinema e assisti "Noite de Ano Novo" (Trailer aí ao lado pra vocês) e voltei a pensar na minha lista de coisas a fazer, assim como já tinha pensado depois de ver "Antes de Partir".
Lembrei também, ao indicar este e outros tantos filmes aos meus amigos e outros que quero bem, a quantidade de pessoas que não assistiu a nenhum deles, que não fez nada do que eu indiquei.
É, incontáveis tentativas infrutíferas de fazer pessoas sentirem algo bom, experimentarem novas ideias, novas sensações.
Percebi, então, que o mesmo acontece com vários desejos de minhas listas de final de ano. 
Como se eu fosse um grande gênio da Física, falando com nativos de uma tribo secreta do Himalaia, ou um mímico de muito sucesso, fazendo um espetáculo no Santa Luzia (Instituto de Deficientes Visuais), alguns esforços são completamente em vão. 
Nesse ano, coloquei mais Intensidade, até mais qualidade em tudo o que fiz. Esperava conseguir algum retorno, algo mais do que o eco da minha voz, afinal já são trinta anos de trabalho, um bocado de experiência.
Bem longe de estar ressentido, percebi o erro de projeto, a grande falha da minha lista de fim de ano:
Eu espero demais das pessoas!
Talvez as listas tenham de ser egoístas, alguns me diriam. Outros diriam que essas listas são uma grande bobagem, que a gente não escolhe o destino, ou que Deus já escreveu tudo.
Eu e minha rebeldia interior não vamos nos contentar com tão pouco!
Se ninguém quiser me ouvir, também não vai me alcançar. Eu não vou parar, não vou ficar esperando.
Eu vou crescer e, quem seguir o exemplo, poderá crescer também.
Parodiando o Chapolin Colorado: "Sigam-me os bons!"

Vivam o Novo, o Novo Dia, o Novo Ano, outra vez, com uma insistência infantil, imbecil, daquelas que tenta tantas vezes que acaba conseguindo.

sábado, 3 de setembro de 2011

O Dicionário e a Crise Mundial

Algum de vocês já procurou o significado de palavras em um dicionário?
Sim, é para isso que o dicionário serve, muitos dirão!
Alguns de vocês, como eu, já procuraram palavrões no dicionário?
Sim, eu fiz isso, quando era pequeno. Coisa de "arteiro".

Quando estava na universidade, algum de vocês buscou informações na Hemeroteca?
Hahahaa, você não sabe o que é isso? (não procure agora, isso não vale!)
É meu amigo, você pode não ter usado um Episcópio, um Mimeógrafo, uma Régua de Cálculo, um Desenhocop, um Letraset ou um Transferidor, mas isso não é só porque você é mais novo do que eu, é porque tiraram isso de você, omitiram partes do passado de seu convívio.

Sem querer, ou de propósito - para quem acredita em teorias de conspiração - a evolução (é mesmo?) do mundo "bypassou", como se diz em Engenharia, ou "queimou etapas", como usam dizer os Pedagogos.

Você pode estar pensando, mas qual a importância de procurar palavrões num dicionário, ou aprender a usar um Episcópio? Ler revistas em uma Hemeroteca então, quanta inutilidade?

Ora, qualquer professora do jardim de infância sabe qual a importância de seus alunos manusearem jornais e revistas, mesmo sem saber ler ainda.
Qualquer professor primário ou de ensino fundamental (como se todo ensino não o fosse) sabe o quão importante é um aluno aprender a procurar palavras em um dicionário sozinho, sim, como um indivíduo autônomo.

Se eu perguntar alguma coisa, qualquer coisa, a 90% das pessoas que conheço, qualquer técnico de informática de meia-tigela ou uma simples usuária de chats e messengers vai me dar a mesma resposta:
aquela que encontrar no Google.

Eu trabalho com Informática há 29 anos e adoro as ferramentas do Google, mas sou obrigado a avisar, com muita ênfase, que vocês estão sendo enganados quando pensam que procuram coisas no Google.
Sim, enganados, vocês não procuram, só acham!
O Google não é um dicionário ou uma enciclopédia, é mais parecido com um Oráculo.
Não há qualquer sabedoria em procurar coisas nele e nem se adquire sabedoria ao encontrar, porque não há procura.

Muitas vezes vocês já devem ter lido que o importante numa viagem não é o destino, mas o caminho.
A mesma afirmação vale para as buscas.

A operação de ler diversas revistas técnicas, às vezes em outro idioma, não completamente dominado, é um conjunto de buscas a dicionários, outros artigos, livros, tentando formar um relato conclusivo. Essa operação, se repetida regularmente, transforma o indivíduo, que adquire a habilidade de buscar com mais sagacidade, objetividade e amplitude.

Pode-se inferir, por exclusão, que a operação de não buscar, não procurar, não encontrar desafios reais no seu dia-a-dia, não transforma o indivíduo, dotando-o de um "vazio" de utilidades que beira a alienação total.

A utilidade prática de um office-boy que não sabe ver mapas ou de uma telefonista que não sabe usar uma lista telefônica ou uma simples lista de DDDs é a mesma de um médico lembrar o nome de todos os ossos do corpo mas não saber usar um estetoscópio.
Assim também é um diplomado que não conhece a real diferença entre uma Faculdade e uma Universidade. Por isso acham um grande "barato" fazer Ensino à Distância.

A aceleração que o mundo vem experimentando, tanto na economia, quanto nas invenções e descobertas coincide com a aceleração da Crise Mundial. Coincide?

Aprender a buscar, seja uma simples palavra, seja a solução para um problema existencial é, antes de tudo, aprender a querer buscar, saber buscar, comemorar a realização da busca, aprimorar a si e seu grupo, sua equipe, seu universo.

Aí está a Crise, na falta de habilidade das pessoas de trabalhar em uníssono, com um objetivo maior e comum, universal. Não, não é uma igreja, é muito mais que isso!

Globalizar suas atitudes, não seus lucros. Entender que os lucros são consequência das atitudes e não são financeiros, que as rentabilidades devem ser sociais, que há prazer na busca, em olhar estrelas à noite, em almoçar em família, em jogar forca com os amigos.

Para terminar, vou tirar de vocês o prazer de comemorarem as suas buscas no Google, vou dar os links com os resultados... que triste isso, não?

Hemeroteca: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hemeroteca
Episcópio: http://www.novotec.com.br/projetores/grafoscope/
Mimeógrafo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mime%C3%B3grafo
Régua de Cálculo: http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9gua_de_c%C3%A1lculo
Desenhocop: (essa busca exige leitura...)
Letraset: http://www.letraset.com.br/letrasetcard.html
Transferidor: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transferidor


Clamor por Justiça

Eu sou completamente, terminantemente, definitivamente contra qualquer forma de preconceito.

É a minha opinião, não posso obrigar ninguém a não ser preconceituoso, assim como não posso obrigar ninguém a ser honesto, culto, não-fumante, trabalhador, fiel ou leal.

Da mesma forma, também não posso aceitar que os desonestos, os incultos, os fumantes, os vagabundos (aqueles que não querem trabalhar), os desleais ou infiéis (pessoas em que não se pode confiar), nos impinjam suas atitudes e valores como corretos.

As liberdades políticas, de expressão, de credo, ou de opinião, fazem parte de uma liberdade mais ampla, são todas direitos inalienáveis dos cidadãos, muito embora se saiba de vários países que não comungam desse sentimento. Como todo direito, não cabe preconceito ou regra que exclua alguém do "todo".

No Brasil, mesmo durante o chamado "período de exceção", havia uma "liberdade vigiada", segundo o governo, e uma "censura ferrenha", no ponto-de-vista dos censurados - mesmo assim, vivia-se com alguma liberdade de expressão.

Seguindo a linha dos direitos e deveres, os anos "pós-ditadura", ou anos da "abertura política", ofertaram toda a sorte de flexibilizações na legislação e nos instrumentos de controle dos conteúdos expostos ao público, principalmente na mídia. Ao mesmo tempo, nas escolas e até nos lares Brasileiros, viu-se uma liberalização da educação, como se estivesse o povo com o "freio de mão puxado" até então. Não houve, ao menos com a ênfase necessária, um debate sadio sobre a relação quase simbiótica entre direitos e deveres. Caberia uma reflexão profunda, àquela época, sobre os iminentes abalos da ordem social, caso houvesse uma liberalização, e não uma libertação, da expressão ou opinião, sem a contrapartida necessária de obrigações, compromissos e conscientização.

Foi perdido o momento, como se o trem da história tivesse descarrilado. Vive-se hoje um tempo desconectado do passado, desconhecendo o porquê das coisas, fazendo só por fazer. O Brasil vive um "descompasso" legal:  várias leis, suas interpretações e abrangência não acompanham outras leis complementares ou reguladoras.
Um exemplo claro disso é a regulação dos conteúdos de TV e publicidade:
  • Pode-se transmitir pela TV aberta qualquer conteúdo julgado apropriado para um determinado horário, mas os conceitos de quem julga vem se "atualizando". O que já foi certo um dia, hoje é duvidoso. O que era duvidoso, hoje é um "direito". Brinca-se em dizer que algumas coisas que já foram proibidas, em breve serão obrigatórias.
  • O Ministério da Saúde insiste em advertir que a bebida e o cigarro fazem mal à saúde, enquanto continua a autorizar a propaganda e a venda de tais produtos. O mais lógico seria proibir, como fazem com os explosivos ou os venenos. Na mesma linha, pede-se a liberação da produção, venda e consumo da maconha - não é lógico proibir, se não são conhecidos os motivos ou ignorados os verdadeiros para a proibição.
  • As emissoras de rádio não podem deixar de transmitir "A Voz do Brasil" no horário predeterminado, e ainda são obrigadas a transmitir um determinado número de Propagandas Políticas durante as Jornadas Esportivas. Os partidos políticos, entretanto, não são obrigados, nem sequer permitem que a imprensa informe os detalhes de suas tratativas ou de suas mazelas.
Recentemente, pelo acúmulo de escândalos no governo federal, a atual presidente da república está fazendo uma "limpa" que têm perturbado vários interesses (e interessados). Pelo possível, e até provável, mal estar que a exposição pública dessas "quadrilhas" possa provocar (a eles e não a nós), estão discutindo uma "regulamentação social" da mídia - não é censura, é outro nome. 

Ora, não é preconceito meu, é só uma observação: Censurável é a atitude desses cidadãos eleitos que, em vez de respeitar o voto que receberam, as esperanças neles depositadas por milhares de pessoas, se autoproclamam superpoderosos e usam a parte pública de nosso suor em seu benefício pessoal.

E a Justiça?
Não é prender, não é matar, não é queimar em praça pública ou algo assim!
Não é só isso ou tudo isso!
É uma necessidade de lembrar, a todos e a todo instante, que a Justiça é como uma balança, pressupõe "equilíbrio", seja de forças, seja de atitudes, seja de propostas.

Sim, nosso Brasil deveria "Clamar por Justiça"!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Inversão de Valores

Será que só eu estou sentindo uma Inversão nos Valores da sociedade brasileira?

Conviver com governos corruptos sempre foi difícil de aceitar mas, como parece uma praxe quase que mundial, a gente acaba se acostumando por falta de opção melhor.
Ver todos os dias a miséria aumentando e as pessoas de bem achando que não estão fazendo tudo o que podem, enquanto os políticos eleitos para isso seguem viajando e ganhando fortunas sem acharem que devem qualquer explicação de suas despesas e receitas, também já beira a normalidade.
Acreditar que um governo, algum dia, vá fazer algo de bom pela saúde ou pela educação é um sonho de qualquer cidadão, mas parece que está virando utopia.

Eu realmente não sou racista nem preconceituoso, como diz uma amiga minha, sou "conceituoso". Só falo, bem ou mal, daquilo que já vi ou ouvi direto da fonte. Ouço muito e vejo muito, porque presto bastante atenção, sempre fiz assim, é como eu aprendo quase tudo na minha vida.

Penso que fazer as coisas direito não é uma opção, é uma obrigação. É o "fazer correto" que nos dá o direito de reclamar do mal feito ou exigir reparação. Quem faz de qualquer jeito não pode esperar receber mais do que entrega. Criei meus filhos assim e não posso aceitar menos.

Agora estão surgindo algumas novidades, especialmente na educação, que nem deveríamos comentar, mas são novidades oficiais!
O MEC (Ministério da Educação e Cultura) divulgou uma série de vídeos educativos, compilando com imagem e som o "novo modo" de entender as coisas. Entre as coisas, encontram-se a Língua Portuguesa, a  Geografia e a Educação Sexual.

Quem assistiu ou leu "1984" de George Orwell, deve certamente lembrar da Novilíngua, um idioma proposto pelo governo, onde as palavras indesejadas (que representavam conceitos inadequados) eram excluídas dos dicionários ou tinham seu significado substituído por algo mais apropriado.

Os linguistas de agora estão aceitando os erros de gramática e ortografia, especialmente os de concordância, como "coloquialidades". Nunca vi ninguém repreender alunos pelo uso de linguagem coloquial, mas quando um professor de matemática sai com um "menas" ou "seje", a correção vem imediatamente, porque erro não é coloquial, é erro. É como se a pessoa atravessasse a rua fora da faixa: se a rua estiver vazia, sem carros, é uma coloquialidade, mas com carros, é um erro.

Já haviam feito no MEC alguns ajustes conceituais em História, mas isso é muito discutível, uma vez que História é interpretativa, depende um pouco do ponto-de-vista de quem conta.

Os vídeos de Educação Sexual e da campanha contra a Homofobia conseguiram o mais incrível, são bizarros!

Eu tenho 45 anos e, certamente, já tive colegas com tendência homossexual, assim como colegas com tendência à prostituição, outros com tendências violentas, também uns com baixa autoestima, vários tipos.

Nunca se precisou dizer ou mostrar a qualquer colega como proceder quando um desses estava "gostando" de alguém ou era mais amigo de um ou outro. A idéia sempre foi muito simples: colégio é para estudar.
Namoro era coisa séria, Noivado mais ainda e Casamento até durava!

Se alguém era ou não Homossexual, nunca foi problema escolar, já que sexo e escola não tem qualquer relação. Educação Sexual é ensinar como acontece, o que se deve fazer e o que se deve evitar. Com quem ou que orientação sexual tem, é assunto para quem fizer, quando acontecer, certamente fora da escola.

Gastar dinheiro público para produzir vídeos que induzem claramente a "naturalidade" com que se deve receber a idéia da liberdade sexual e até da pluralidade, é uma séria distorção da realidade.

O mesmo governo que não aceita a intromissão do povo na sua forma de gastar, roubar ou desviar verbas, se atreve a julgar e decidir como devemos proceder em nossos lares, se palmadas são ou não válidas (acho que não são mesmo, mas do jeito que educo), se meus filhos podem ou não ter vontade de beijar seus amigos ou amigas. Até a estatística virou alvo dessa lógica: quem é BISSEXUAL tem 50% a mais de chance de ter amigos legais!! Quanta obviedade! Também tem 50% a mais de chances de contrair uma DST, né?

O Ministério da Saúde adverte: assistir vídeos do MEC pode distorcer a sua compreensão da realidade.

domingo, 24 de abril de 2011

Feliz Páscoa!

Bom, nenhuma novidade. O que mais a dizer a todos numa Páscoa, né?
Eu ainda tenho um monte de coisas "atravessadas" na garganta, prontas pra tirar todos da cadeira ou da poltrona, para fazerem algo mais pelas suas vidas e, portanto, por todos nós, só que hoje realmente não é o dia pra isso.
Depois de um silencioso e pensativo Sábado de Aleluia, esse é mais um especial Domingo de Páscoa, momento de Ressurreição, Renovação e Bênçãos.
O que mais queremos é renovar nossas esperanças, nossas energias e impulsionar nossas vidas, enchê-las de realizações.
Pode ser que eu esteja errado, mas eu imagino vocês todos "empanturrados" de Amor em seus corações, com uma vontade "louca" de fazer mais e melhores as suas partes, nesse nosso interminável "trabalho de equipe" para a construção de um mundo mais legal.
É isso: Desejo a todos vocês um mundo mais legal, construído por nós todos, com muita vontade, determinação e, acima de tudo, muito Amor!

FELIZ PÁSCOA!

domingo, 17 de abril de 2011

Violência não! Será mesmo?

Muita gente pode pensar que este é mais um texto sobre violência, motivado pelo tal de Wellington ou pela nova campanha de desarmamento que está começando.
Fiquem tranquilos, podem ler com calma, prometo não passar nem perto desse assunto.
Minhas questões já vem de muito tempo gravitando ao meu redor esperando que, algum dia, eu me canse de ver e não dizer.
Então é isso: Sinto, Escrevo e Publico!

A coincidência da coisa foi eu já estar começando a pensar no texto e, ao abrir meu Facebook, ver o vídeo aí ao lado nos posts de uma amiga, a Liliane. O vídeo é de uma campanha de 2006 na Austrália, mas ilustra em parte as idéias que virão abaixo.
Como tenho filhos adolescentes e converso com eles (não pensem que essa atitude é normal porque muita gente não faz isso), temos dialogado frequentemente sobre alguns temas polêmicos, como drogas, violência, política, religião, amor, entre outros.
É uma opção minha conduzir essas conversas o mais abertamente possível, porque eu considero que tenho respostas mais apropriadas que a maioria das que eles poderiam encontrar no "yahoo respostas" ou na "wikipedia".
Dentro desse hábito de conversar, indiretamente criou-se também o hábito ainda mais saudável de refletir sobre o que se diz e, ainda, sobre o que se faz. Não poucas vezes a minha filha, por exemplo, já me disse algo como: "-Não faz sentido, tu tá dizendo uma coisa e fazendo outra!"
O Prof. Dr. Rubem Ribeiro Fagundes, o melhor Professor com o qual convivi na PUCRS, me dizia:
"-Não acho graça das piadas de televisão, especialmente das tais Videocassetadas ou Videocacetadas (de cacete)! As pessoas estão se machucando, qual a graça?"
Como eu iria explicar a ele que uns 90% da população assistem semanalmente ao Faustão e repetem semanalmente suas gargalhadas sobre as tragédias alheias? E ele faleceu sem ter assistido ao BBB e ao "Pânico na TV" que são, talvez, as mais deprimentes exibições da miséria intelectual brasileira.
Anos depois, vejo que minha filha também não acha graça das cacetadas, das pegadinhas, do Pânico.
Algum atento corneteiro dirá: "-Ah, mas o filho dele acha graça!" 
Eu respondo: "-Sim, ainda, e mesmo com o pouco convívio que temos, isso já está mudando (ele não mora comigo)!"
Do mesmo jeito que as pessoas já não varrem mais as suas calçadas (acham que é função da prefeitura), as pessoas também deixaram para o poder público muitas outras atribuições que são suas. Acreditam que a escola tem que educar e não só ensinar, transformaram as TVs em babás eletrônicas; quando os filhos crescem, reclamam que eles ficam só na frente da TV ou da Internet.
Parece muito evidente que a verdadeira origem dos nossos maiores problemas, tanto com a violência, quanto com a corrupção e a impunidade, está no nosso passado. Em algum momento do passado, alguns ou muitos de nós deixamos uns valores de lado, umas coisas ditas "sem importância" e fomos mais "liberais" do que nossos pais.
Será mesmo? Será que nossos pais eram duros demais ou só estavam nos fornecendo uma base sólida?
Vamos analisar, por exemplo, um tema que entendo bem, porque me criei vendo muita televisão:
Vocês já assistiram aos Jetsons? Ou aos Flintstones? Pantera Cor-de-rosa?
OK, não quero chamar ninguém de velho não, só quero que lembrem, por um instante, de algum episódio desses desenhos.
Lembraram? Então me digam, vocês lembram de alguma "porrada", algum tiro, algum sequestro ou mutilação?
Não? Isso não existia naquela época? Era censurado pela Ditadura?
Não! Isso não existia porque não fazia sentido, nunca seria aceito pelo público, porque também nunca seria aceito nos lares. Meus pais nunca permitiriam que eu assistisse alguma violência além de filmes de bang-bang (Far-o-west).
Meus filhos já assistiram esses desenhos no "boomerang" e perceberam rapidamente a ausência de violência. Chama a atenção essa coisa de ser interessante sem ser sangrento ou belicoso!
A Pantera Cor-de-rosa, o Pica-pau e a dupla Tom & Jerry são "videocacetadas" daquela época, mas com personagens imaginários, irreais, algumas vezes até surreais. 
Agora pergunto sinceramente, em especial aos garotos daquela época, meus contemporâneos:
-Vocês tinham espingarda de pressão, aquelas de chumbinho?
-Vocês já tiveram revólver de espoleta?
-Algum de vocês deu um tiro de "chumbinho" em algum colega quando ele chamou vocês de CDF ou de Quatro olhos, ou de qualquer outro apelido maldoso daquele tempo?
Imagino que não, porque posso imaginar também a cara dos pais de vocês ao presenciar uma cena dessas, um menino com uma espingarda de chumbinho ou um revólver (de espoleta ou até de água), dentro da escola... Pobre garoto, ia tomar uma "tunda de laço".
Algum espertinho disse as frases: "violência gera violência", "o que é bonito é pra ser mostrado", "achado não é roubado", "quem chegar por último é mulher do padre", "se eu bebo ou se não bebo, ninguém tem nada com isso".
Essas frases são "ditos populares", como chamamos por aqui no RS "ditados populares".
De tanto serem repetidas, tem soado como verdades, é até possível que alguém nos diga que essas frases estão na Bíblia. Eu duvido, mas sei que, na Bíblia, você irá encontrar outras frases bem mais adequadas:
"Diga-me com quem andas e te direi quem és", "É dando que se recebe", "Quem semeia ventos, colhe tempestades". Em tempo: Nem de longe eu sou piegas ou carola, só citei a Bíblia por ser um livro antigo.
Se você já viu alguma guria indo à escola com uma roupa típica de moça da Voluntários ou da noite na Farrapos, pode conferir, tenho certeza que ela usa a frase "o que é bonito é pra ser mostrado".
Sabe quando alguém tira uma foto sua e o resultado é completamente diferente do que você esperava? Assim a sociedade fez com seu futuro. Pregou que era reprimida e que na era de Aquário seria diferente, soltou a voz e os cabelos com os Hippies, dita regras e valores com o Rap, solta o corpo no Funk e solta a franga em  tudo quanto é canto.
Todo mundo agora tem Direitos, o mundo é mais "justo", está se "humanizando"!?
Alguém já disse isso, com certeza, mas e o tal equilíbrio entre os Direitos e os Deveres? Lembro de ter aprendido que nossos Direitos dependem do cumprimento de nossos Deveres, imagino que essa idéia passe bem perto do conceito de Justiça. Por isso me parece que o mundo não está mais justo e, como não é justo, não está se humanizando. Um mundo só com Direitos lembra uma orgia, uma festa onde todos aproveitam tudo de todos, sem preocupação com o dia seguinte.
Desse desequilíbrio surge a injustiça social, aquela insatisfação imensa que faz a gente pensar:
"Por que eles podem gastar todo o dinheiro dos impostos sem me perguntar, se eu votei neles?"

Quando se combinam todas as "faltas de aprendizado" com as "faltas de valores" e a "falta de justiça social", é criado o meio em que vivemos, onde falta muita coisa vital e sobra muita coisa fatal.

A violência foi plantada (pela mídia principalmente), germinou (pela falta de valores), foi regada (pela injustiça social), cresceu e segue firme, forte e se semeando novamente (nos noticiários), como se fosse flor, mas alguém precisa se dar conta que é erva daninha, que pode ser liquidada se não tiver mais onde crescer.

Se conversarmos em família, varrermos nossas calçadas, agirmos de forma coerente com nossos discursos, estaremos semeando novas plantas em solo tratado, impróprio para ervas daninhas. O que restar da injustiça social, vamos ter que resolver no voto.

A boa notícia é que "Tem solução, embora não seja fácil nem rápida, mas é simples"!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Faixa de Segurança?

Ultimamente os problemas de trânsito têm ocupado um bom espaço na mídia e, em minha opinião, tem sido explorados e discutidos de forma inadequada.
Problemas de circulação e transporte exigem abordagem técnica, científica, mesmo quando tratam das pessoas envolvidas nos processos.
Um exemplo disso é a “faixa de segurança”.
A marca viária listrada, que é conhecida como “faixa de segurança”, desde a implantação do novo Código de Trânsito Brasileiro, passou a ser denominada “via preferencial de pedestres”, de forma a contemplar todos os tipos de vias numa mesma regra universal. A mesma expressão também foi definiu o conceito de “via preferencial”, estabelecendo regras de preferência.
A preferência é sempre dada a quem já está na via, em movimento e, em seguida, a preferência é dada de acordo com a sinalização. Em todos os casos (novamente temos a universalidade), para qualquer tipo de veículo ou até mesmo os pedestres, a preferência segue as mesmas regras.
Para que se entenda de forma simples, se um pedestre vem pela calçada (sua via preferencial), ao chegar a um cruzamento deve observar a sinalização, o tráfego e, se tudo estiver ao seu favor, poderá então atravessar a rua. E, enquanto o pedestre atravessa a rua, de quem é a preferência? Se o local de travessia é uma “via preferencial de pedestres”, já está respondida a pergunta. Se não é, e não houver alguma sinalização específica, obviamente o pedestre está cometendo uma infração. Sim, pedestres cometem infrações e podem ser punidos, mas isso não está regulamentado. Se estivesse regulamentado, os agentes de trânsito poderiam lavrar autos de infração contra pedestres. Como pedestres não necessitam de habilitação, não podem levar pontos na carteira e, para serem multados, somente apresentando documentos de identificação e sendo maiores de 18 anos, certo?
Ora, se tudo é tão simples, porque há problemas?
Porque as regras só são realmente simples se estão bem definidas, bem estabelecidas e, principalmente, se todas as partes envolvidas têm pleno conhecimento dessas regras.
Justamente o conhecimento, a parte mais fácil de todo o processo, que depende apenas de treinamento ou de um pouco de divulgação séria, é o nosso grande problema.
Quando gente como eu, na faixa dos 45 anos, estava na escola primária, uma vez ao ano recebia-se a visita de alguém da Secretaria dos Transportes do Estado ou do Município, falando sobre as sinaleiras, sobre as “faixas de segurança” e sobre a importância de atravessar corretamente as ruas.
Atualmente, além de isso não acontecer, a Prefeitura de Porto Alegre foi premiada pela campanha da “mão estendida”, que foi instituída em nossa cidade como um novo sinal de trânsito. Traduzindo: deu-se ao pedestre sem conhecimento de trânsito, o poder de sinalizar sua vontade, sem instruí-lo sobre os incontáveis problemas que advém de uma sinalização incorreta.
Já tivemos atropelamentos, engavetamentos (carros batendo na traseira de outros carros que frearam subitamente) e seguimos tendo pessoas atravessando fora da “faixa”, bem como carros que não param nem reduzem, porque deixam que o próximo o faça.
Enfim, parece que estamos chegando à raiz do problema: a preferência.
A pressa de fazer as coisas, de ser o primeiro a chegar, de que o próximo que se vire. Nas sinaleiras com temporizador (explícito), a cena comum é o “timer” em dois ou três segundos e o pedestre correndo para chegar na “faixa”, para não perder a vez. Ora, ele já perdeu, porque esse tempo é para quem está atravessando, quem está com a preferência. Quem não está na via não tem a preferência. O resultado disso é que o motorista perde de cinco a dez segundos do seu tempo de Verde, porque os pedestres não podem esperar.
Minha sincera opinião sobre a preferência:
Eu prefiro ficar vivo, prefiro viver com gente educada, prefiro pensar um pouco nos outros, para que eles não me odeiem por algo que eu nem sei se fiz, prefiro a paz.
O que eu prefiro de nada importa se só eu preferir assim. Mais gente precisa pensar e decidir o que prefere que aconteça.
Do jeito que tá não dá!

domingo, 13 de março de 2011

Caminhos do Verde

Não sei se é por hábito
ou por sobrevivência,
mas me sinto muito bem
ao andar por Porto Alegre,
especialmente onde há verde
abrandando o solaço
e abrindo a respiração.

Claro que na Redenção,
no Marinha ou no Parcão
era de se esperar
essa sensação.

Também na Sogipa,
no União da Nilo ou...
n'algum outro lugar
que você lembrou e eu não,
o oxigênio facilite a caminhada e o exercício.

Nos meus caminhos
eu busco o verde, sempre a pé,
e você, busca o que?
Se for como eu, siga a lista:
- Marquês do Pombal;
- Gonçalo de Carvalho;
- Ganzo;
- Taquara;
- Bagé;
- Fernando Gomes

Acrescente as suas,
visite, veja, pare, respire,
cuide, mantenha, incentive.

Se não gosta, não concorda, sem problemas:
Cada um respira como lhe convém,
mas o ar é de todos nós, sem cotas,
então tente colaborar, por favor!

Gonçalo de Carvalho

Foto: Ricardo Stricher/PMPA
Muita gente que nasceu
no berçário do Moinhos
não sabe que, ali na frente,
imponente, resistente,
respira uma rua.

Coberta com manto verde,
já cheirou muita cevada
duma chaminé Continental,
que também já foi Brahma
e hoje é Shopping Total.

Lar de bem-te-vis e sabiás,
patrimônio da cidade,
resiste por todos nós,
limpando o ar que sujamos,
crescendo todos os dias.

Não nos pede nem implora,
mas merece, sem demora,
nosso respeito e ação,
para que se proíba
qualquer tipo de esquema,
seja venda ou transação,
com seu entorno ou seu chão.

Pulmão da cidade,
recebeu de batismo
o nome de um antigo frei
que lutava pelo fim dos infiéis.

Que essa rua,
berço de saúde e Bons Conselhos,
sirva de exemplo pioneiro
aos fiéis da natureza.

Sigam querendo a vida!