domingo, 17 de abril de 2011

Violência não! Será mesmo?

Muita gente pode pensar que este é mais um texto sobre violência, motivado pelo tal de Wellington ou pela nova campanha de desarmamento que está começando.
Fiquem tranquilos, podem ler com calma, prometo não passar nem perto desse assunto.
Minhas questões já vem de muito tempo gravitando ao meu redor esperando que, algum dia, eu me canse de ver e não dizer.
Então é isso: Sinto, Escrevo e Publico!

A coincidência da coisa foi eu já estar começando a pensar no texto e, ao abrir meu Facebook, ver o vídeo aí ao lado nos posts de uma amiga, a Liliane. O vídeo é de uma campanha de 2006 na Austrália, mas ilustra em parte as idéias que virão abaixo.
Como tenho filhos adolescentes e converso com eles (não pensem que essa atitude é normal porque muita gente não faz isso), temos dialogado frequentemente sobre alguns temas polêmicos, como drogas, violência, política, religião, amor, entre outros.
É uma opção minha conduzir essas conversas o mais abertamente possível, porque eu considero que tenho respostas mais apropriadas que a maioria das que eles poderiam encontrar no "yahoo respostas" ou na "wikipedia".
Dentro desse hábito de conversar, indiretamente criou-se também o hábito ainda mais saudável de refletir sobre o que se diz e, ainda, sobre o que se faz. Não poucas vezes a minha filha, por exemplo, já me disse algo como: "-Não faz sentido, tu tá dizendo uma coisa e fazendo outra!"
O Prof. Dr. Rubem Ribeiro Fagundes, o melhor Professor com o qual convivi na PUCRS, me dizia:
"-Não acho graça das piadas de televisão, especialmente das tais Videocassetadas ou Videocacetadas (de cacete)! As pessoas estão se machucando, qual a graça?"
Como eu iria explicar a ele que uns 90% da população assistem semanalmente ao Faustão e repetem semanalmente suas gargalhadas sobre as tragédias alheias? E ele faleceu sem ter assistido ao BBB e ao "Pânico na TV" que são, talvez, as mais deprimentes exibições da miséria intelectual brasileira.
Anos depois, vejo que minha filha também não acha graça das cacetadas, das pegadinhas, do Pânico.
Algum atento corneteiro dirá: "-Ah, mas o filho dele acha graça!" 
Eu respondo: "-Sim, ainda, e mesmo com o pouco convívio que temos, isso já está mudando (ele não mora comigo)!"
Do mesmo jeito que as pessoas já não varrem mais as suas calçadas (acham que é função da prefeitura), as pessoas também deixaram para o poder público muitas outras atribuições que são suas. Acreditam que a escola tem que educar e não só ensinar, transformaram as TVs em babás eletrônicas; quando os filhos crescem, reclamam que eles ficam só na frente da TV ou da Internet.
Parece muito evidente que a verdadeira origem dos nossos maiores problemas, tanto com a violência, quanto com a corrupção e a impunidade, está no nosso passado. Em algum momento do passado, alguns ou muitos de nós deixamos uns valores de lado, umas coisas ditas "sem importância" e fomos mais "liberais" do que nossos pais.
Será mesmo? Será que nossos pais eram duros demais ou só estavam nos fornecendo uma base sólida?
Vamos analisar, por exemplo, um tema que entendo bem, porque me criei vendo muita televisão:
Vocês já assistiram aos Jetsons? Ou aos Flintstones? Pantera Cor-de-rosa?
OK, não quero chamar ninguém de velho não, só quero que lembrem, por um instante, de algum episódio desses desenhos.
Lembraram? Então me digam, vocês lembram de alguma "porrada", algum tiro, algum sequestro ou mutilação?
Não? Isso não existia naquela época? Era censurado pela Ditadura?
Não! Isso não existia porque não fazia sentido, nunca seria aceito pelo público, porque também nunca seria aceito nos lares. Meus pais nunca permitiriam que eu assistisse alguma violência além de filmes de bang-bang (Far-o-west).
Meus filhos já assistiram esses desenhos no "boomerang" e perceberam rapidamente a ausência de violência. Chama a atenção essa coisa de ser interessante sem ser sangrento ou belicoso!
A Pantera Cor-de-rosa, o Pica-pau e a dupla Tom & Jerry são "videocacetadas" daquela época, mas com personagens imaginários, irreais, algumas vezes até surreais. 
Agora pergunto sinceramente, em especial aos garotos daquela época, meus contemporâneos:
-Vocês tinham espingarda de pressão, aquelas de chumbinho?
-Vocês já tiveram revólver de espoleta?
-Algum de vocês deu um tiro de "chumbinho" em algum colega quando ele chamou vocês de CDF ou de Quatro olhos, ou de qualquer outro apelido maldoso daquele tempo?
Imagino que não, porque posso imaginar também a cara dos pais de vocês ao presenciar uma cena dessas, um menino com uma espingarda de chumbinho ou um revólver (de espoleta ou até de água), dentro da escola... Pobre garoto, ia tomar uma "tunda de laço".
Algum espertinho disse as frases: "violência gera violência", "o que é bonito é pra ser mostrado", "achado não é roubado", "quem chegar por último é mulher do padre", "se eu bebo ou se não bebo, ninguém tem nada com isso".
Essas frases são "ditos populares", como chamamos por aqui no RS "ditados populares".
De tanto serem repetidas, tem soado como verdades, é até possível que alguém nos diga que essas frases estão na Bíblia. Eu duvido, mas sei que, na Bíblia, você irá encontrar outras frases bem mais adequadas:
"Diga-me com quem andas e te direi quem és", "É dando que se recebe", "Quem semeia ventos, colhe tempestades". Em tempo: Nem de longe eu sou piegas ou carola, só citei a Bíblia por ser um livro antigo.
Se você já viu alguma guria indo à escola com uma roupa típica de moça da Voluntários ou da noite na Farrapos, pode conferir, tenho certeza que ela usa a frase "o que é bonito é pra ser mostrado".
Sabe quando alguém tira uma foto sua e o resultado é completamente diferente do que você esperava? Assim a sociedade fez com seu futuro. Pregou que era reprimida e que na era de Aquário seria diferente, soltou a voz e os cabelos com os Hippies, dita regras e valores com o Rap, solta o corpo no Funk e solta a franga em  tudo quanto é canto.
Todo mundo agora tem Direitos, o mundo é mais "justo", está se "humanizando"!?
Alguém já disse isso, com certeza, mas e o tal equilíbrio entre os Direitos e os Deveres? Lembro de ter aprendido que nossos Direitos dependem do cumprimento de nossos Deveres, imagino que essa idéia passe bem perto do conceito de Justiça. Por isso me parece que o mundo não está mais justo e, como não é justo, não está se humanizando. Um mundo só com Direitos lembra uma orgia, uma festa onde todos aproveitam tudo de todos, sem preocupação com o dia seguinte.
Desse desequilíbrio surge a injustiça social, aquela insatisfação imensa que faz a gente pensar:
"Por que eles podem gastar todo o dinheiro dos impostos sem me perguntar, se eu votei neles?"

Quando se combinam todas as "faltas de aprendizado" com as "faltas de valores" e a "falta de justiça social", é criado o meio em que vivemos, onde falta muita coisa vital e sobra muita coisa fatal.

A violência foi plantada (pela mídia principalmente), germinou (pela falta de valores), foi regada (pela injustiça social), cresceu e segue firme, forte e se semeando novamente (nos noticiários), como se fosse flor, mas alguém precisa se dar conta que é erva daninha, que pode ser liquidada se não tiver mais onde crescer.

Se conversarmos em família, varrermos nossas calçadas, agirmos de forma coerente com nossos discursos, estaremos semeando novas plantas em solo tratado, impróprio para ervas daninhas. O que restar da injustiça social, vamos ter que resolver no voto.

A boa notícia é que "Tem solução, embora não seja fácil nem rápida, mas é simples"!

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