quinta-feira, 7 de abril de 2011

Faixa de Segurança?

Ultimamente os problemas de trânsito têm ocupado um bom espaço na mídia e, em minha opinião, tem sido explorados e discutidos de forma inadequada.
Problemas de circulação e transporte exigem abordagem técnica, científica, mesmo quando tratam das pessoas envolvidas nos processos.
Um exemplo disso é a “faixa de segurança”.
A marca viária listrada, que é conhecida como “faixa de segurança”, desde a implantação do novo Código de Trânsito Brasileiro, passou a ser denominada “via preferencial de pedestres”, de forma a contemplar todos os tipos de vias numa mesma regra universal. A mesma expressão também foi definiu o conceito de “via preferencial”, estabelecendo regras de preferência.
A preferência é sempre dada a quem já está na via, em movimento e, em seguida, a preferência é dada de acordo com a sinalização. Em todos os casos (novamente temos a universalidade), para qualquer tipo de veículo ou até mesmo os pedestres, a preferência segue as mesmas regras.
Para que se entenda de forma simples, se um pedestre vem pela calçada (sua via preferencial), ao chegar a um cruzamento deve observar a sinalização, o tráfego e, se tudo estiver ao seu favor, poderá então atravessar a rua. E, enquanto o pedestre atravessa a rua, de quem é a preferência? Se o local de travessia é uma “via preferencial de pedestres”, já está respondida a pergunta. Se não é, e não houver alguma sinalização específica, obviamente o pedestre está cometendo uma infração. Sim, pedestres cometem infrações e podem ser punidos, mas isso não está regulamentado. Se estivesse regulamentado, os agentes de trânsito poderiam lavrar autos de infração contra pedestres. Como pedestres não necessitam de habilitação, não podem levar pontos na carteira e, para serem multados, somente apresentando documentos de identificação e sendo maiores de 18 anos, certo?
Ora, se tudo é tão simples, porque há problemas?
Porque as regras só são realmente simples se estão bem definidas, bem estabelecidas e, principalmente, se todas as partes envolvidas têm pleno conhecimento dessas regras.
Justamente o conhecimento, a parte mais fácil de todo o processo, que depende apenas de treinamento ou de um pouco de divulgação séria, é o nosso grande problema.
Quando gente como eu, na faixa dos 45 anos, estava na escola primária, uma vez ao ano recebia-se a visita de alguém da Secretaria dos Transportes do Estado ou do Município, falando sobre as sinaleiras, sobre as “faixas de segurança” e sobre a importância de atravessar corretamente as ruas.
Atualmente, além de isso não acontecer, a Prefeitura de Porto Alegre foi premiada pela campanha da “mão estendida”, que foi instituída em nossa cidade como um novo sinal de trânsito. Traduzindo: deu-se ao pedestre sem conhecimento de trânsito, o poder de sinalizar sua vontade, sem instruí-lo sobre os incontáveis problemas que advém de uma sinalização incorreta.
Já tivemos atropelamentos, engavetamentos (carros batendo na traseira de outros carros que frearam subitamente) e seguimos tendo pessoas atravessando fora da “faixa”, bem como carros que não param nem reduzem, porque deixam que o próximo o faça.
Enfim, parece que estamos chegando à raiz do problema: a preferência.
A pressa de fazer as coisas, de ser o primeiro a chegar, de que o próximo que se vire. Nas sinaleiras com temporizador (explícito), a cena comum é o “timer” em dois ou três segundos e o pedestre correndo para chegar na “faixa”, para não perder a vez. Ora, ele já perdeu, porque esse tempo é para quem está atravessando, quem está com a preferência. Quem não está na via não tem a preferência. O resultado disso é que o motorista perde de cinco a dez segundos do seu tempo de Verde, porque os pedestres não podem esperar.
Minha sincera opinião sobre a preferência:
Eu prefiro ficar vivo, prefiro viver com gente educada, prefiro pensar um pouco nos outros, para que eles não me odeiem por algo que eu nem sei se fiz, prefiro a paz.
O que eu prefiro de nada importa se só eu preferir assim. Mais gente precisa pensar e decidir o que prefere que aconteça.
Do jeito que tá não dá!

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